Na publicação da semana passada falamos sobre Dislexia. Por ser um assunto muito comum no consultório e nas conversas entre pais, preferimos dar continuidade ao assunto com mais algumas dicas do Instituto ABCD de como ajudar seu filho com dislexia.

Como lidar com o diagnóstico e ajudar meu filho com dislexia?

O diagnóstico de um transtorno pode ser inicialmente perturbador. Muitas dúvidas e medos podem surgir e cada membro da família pode reagir de forma diferente à situação. Em geral, as famílias que resolvem bem seus conflitos são as que melhor enfrentam um diagnóstico, pois são capazes de conversar e se apoiar.

Como lidar com o diagnóstico de dislexia?

Logo após o diagnóstico, muitos sentimentos podem emergir: raiva, tristeza, arrependimento por atitudes e decisões anteriores, ansiedade em relação ao futuro da criança ou jovem, entre outros. É importante que todos possam se permitir sentir e até sofrer, para, em seguida, se encher de força e enfrentar as situações que um Transtorno Específico de Aprendizagem traz para a vida da criança/jovem e sua família. Algumas atitudes são bastante benéficas para esse processo:

Converse com a equipe interdisciplinar que fez o diagnóstico e/ou com os profissionais que acompanham seu(sua) filho(a)
Procure compreender por que chegaram a esse diagnóstico, quais são os potenciais e dificuldades específicas do seu(sua) filho(a) e como será o tratamento.
Não tenha receio de perguntar, mais de uma vez, se for preciso.
Peça informações sobre o transtorno e orientações a respeito de como ajudar a criança/jovem.

Procure informações sobre o Transtorno Específico de Aprendizagem
Conhecer a dificuldade ajuda a diminuir a insegurança e o medo.
Reconhecer certas características de seu(sua) filho(a) pode auxiliar na compreensão de certos comportamentos.
É possível procurar informações e apoio em universidades, onde geralmente há clínicas-escola, ou buscar em seu município algum núcleo de atendimento ligado à área de educação e saúde.

Fale com seu(sua) filho(a) a respeito do problema.
Converse com a criança/jovem a respeito de sua condição.
Lembre-se de adequar sua fala à idade e à possibilidade de compreensão de seu(sua) filho(a).
Você pode ir aumentando a complexidade de informações e perguntas a medida que ele(a) cresce.
Nunca deixe de escutá-lo(a).
Permita que ele (ela) também expresse seus medos, dúvidas e angústias e o(a) acolha.
Esclareça que a condição dele(a) nada tem a ver com o quanto ele (ela) é inteligente.

Encontre ou forme associações ou grupos de apoio
Pertencer a um grupo pode ser reconfortante, pois se percebe que outras pessoas passam por dificuldades semelhantes e não se está só.
A troca de ideias e experiências enriquecem e beneficiam a família como um todo.
Os pais podem sentir-se mais seguros e os filhos, mais bem compreendidos e amparados.
Além disso, esses grupos promovem maior conhecimento sobre o transtorno e fomentam a participação dos integrantes como cidadãos, incentivando-os a lutar também politicamente pelos direitos de seus (suas) filhos(as).

No Brasil, ainda não há uma lei federal específica que atenda aos disléxicos. Os Transtornos de Aprendizagem se enquadram na categoria de Necessidades Educacionais Especiais, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996). A Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais na Educação Básica. Assinala, ainda, que todos esses alunos devem ser matriculados e cabe às escolas organizarem-se para que recebam educação de qualidade.

Atualmente tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei federal que dispõe sobre o diagnóstico e o tratamento da dislexia e do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade na educação básica, o PL 7081/2010.

Como posso ajudar meu filho em casa?

Nem sempre é fácil para os pais lidar com filhos disléxicos. Há momentos em que é preciso ter paciência e tolerância; há outros em que é preciso encorajá-los, apesar de toda a insegurança que os pais podem estar sentindo. Pensando em auxiliá-los nesta caminhada, elaboramos algumas dicas:

Enfatize os potenciais da criança/jovem
Freqüentemente os pais tendem a reforçar as dificuldades de seus filhos e não suas habilidades. É importante identificar e estimular essas habilidades. Crianças/jovens com dificuldade de aprendizagem podem ter boa capacidade de raciocínio, imaginação, inovação e até habilidades artísticas ou esportivas interessantes que merecem ser incentivadas. Para estas crianças/ jovens, experimentar a sensação de sucesso é fundamental, uma vez que passam por muitas experiências frustrantes relacionadas à leitura e à escrita.

VOCÊ SABIA? Sabemos que os Transtornos Específicos de Aprendizagem têm grande impacto na vida acadêmica e até profissional dos indivíduos, mas essa condição não os impede de atuar profissionalmente em áreas diversas. Podemos inclusive lembrar de alguns nomes da Arte ou da Ciência como Albert Einstein, Tom Cruise, entre outros, que obtiveram grande êxito profissional

Não castigue ou faça ameaças por conta do mau desempenho escolar
Essas atitudes só trazem sofrimento e aumentam a insegurança da criança ou do jovem. Podem, ainda, trazer consequências devastadoras para o relacionamento familiar. Procure, ao contrário, manter o diálogo e o apoio incondicional. Lembre-se de auxiliar e sinalizar os aspectos positivos de seu(sua) filho(a).

Estimule as habilidades de consciência dos sons das palavras
Para aprender a ler e escrever é preciso perceber que as palavras são compostas por pequenos sons, para depois associá-los às letras. Dessa forma, ler poemas, brincar com músicas e jogos que favoreçam a percepção de rimas, sons semelhantes no começo e no fim das palavras, separação de sílabas, entre outros, podem ser um estímulo valioso para o desenvolvimento da leitura e da escrita. Há jogos de tabuleiro e eletrônicos comercializados para este fim. Converse com os profissionais que atendem seu(sua) filho(a) para uma boa escolha.

Estimule a prática de leitura e de escrita
Sabemos, por meio de estudos das Neurociências, que a prática (que podemos chamar também de treino ou repetição) tem efeito bastante positivo sobre o desenvolvimento de algumas habilidades, sejam elas a leitura e a escrita ou alguma atividade esportiva, por exemplo. Para ser um bom atleta é preciso treinar, certo? Para ser um bom leitor também! Mas, cuidado! Procure favorecer situações prazerosas e divertidas de leitura e escrita!

Os adultos que cercam crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem desempenham papel fundamental no futuro deles. É importante que sejam pacientes, persistentes e encorajadores, que os defendam e os incentivem. Assim, terão, além de sucesso acadêmico, grandes chances de um futuro feliz.

Escolha o melhor horário para realizar atividades de leitura e escrita
Praticar a leitura, fazer tarefas, estimular a linguagem são atividades recomendadas, mas não devem ocupar todo o tempo da interação entre pais e filhos. Provavelmente você e seu(sua) filho(a) se encontram após a escola e seu trabalho, e, nesse momento, devem estar cansados e menos pacientes. Priorize atividades lúdicas que possam contribuir para o aprendizado. Quando isso não for possível, como em época de provas, por exemplo, planeje a divisão do tempo com intervalos e tente se revezar no acompanhamento das atividades escolares com o cônjuge ou tutor.

Escolha um local adequado para realizar as atividades de leitura e escrita
Procure um local tranquilo, sem barulho ou estímulos visuais (TV, janela, etc.) exagerados. Organize a mesa de trabalho com apenas o material necessário. Aproveite para ensinar seu(sua) filho(a) a organizar este local e seu material; afinal, a intenção é que ele vá fazendo cada vez mais atividades de maneira autônoma.

Acompanhe de perto a vida escolar de seu(sua) filho(a)
Essa é uma atitude que todos os pais deveriam ter, mas crianças/jovens com dificuldade demandam ainda mais atenção. Esteja atento à agenda de tarefas e provas e auxilie na organização para a realização dessas atividades. Procure saber como seu(sua) filho(a)tem se comportado em sala de aula, como está socialmente e não deixe de participar das reuniões escolares.

Evite comparações
Entenda que seu(sua) filho(a) tem um ritmo próprio no processo de aprendizagem e também para realizar as atividades escolares. Não se aborreça caso ele demore mais que outros para alcançar os objetivos. Ao contrário, esteja ao seu lado, respeitando suas necessidades e encorajando-o.

Mantenha-se em contato com a escola e com os profissionais que acompanham seu(sua) filho(a)
Essa comunicação garante que todos estejam alinhados e adotem as melhores estratégias para o desenvolvimento do disléxico.

A clínica pediátrica Joseph El-mann é especializada em atendimentos pediátricos e neonatologia. A clínica oferece serviços de consultas em consultório ou em residência, parto assistido, aplicação de vacinas, consultas internacionais e visitas hospitalares. A clínica é chefiada pelo doutor Joseph El-mann, graduado em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF), no ano de 1991.

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