Que tédio!
Como o tédio pode ajudar seu filho a se tornar uma criança auto-suficiente
Por: Blog – Tudo sobre minha mãe
Texto original: Quartz
Férias chegando e a gente já começa a ter palpitações nervosas só de pensar como vamos fazer para deixar as crianças ocupadas, colônias de férias, hotéis com atividades infantis, talvez um cursinho de artes ou culinária?
Opções com precinhos bem salgados para preencher o tempo das crianças não faltam. Mas psicólogos e especialistas em desenvolvimento infantil são unânimes: manter a agenda infantil lotada durante das férias não é apenas desnecessário, como pode até evitar que os pequenos descubram o que eles realmente gostam de fazer.
Ser um adulto bem sucedido, não significa apenas ter um trabalho bacana, mas saber ocupar e preencher o tempo livre com atividades que gerem felicidade. “Se os pais estão sempre preenchendo eles mesmos a agenda dos filhos, os filhos não tem a oportunidade de aprender a a preencher as lacunas eles mesmos”, explica Lyn Fry, psicóloga infantil baseada em Londres.
A internet e todas suas possibilidades podem ter minguando nossas chances de sentir tédio, mas especialistas vem discutindo a importância de fazer nada há décadas. Não ter nada para fazer nos dá uma chance para contemplar a vida e descobrir nossos interesses. Tédio e imaginação estão ligados: a monotonia ajuda a desenvolver um “estímulo interno” que possibilita a verdadeira criatividade.
Tudo muito interessante, principalmente se não tem uma criança correndo atrás de você, com a cara mais triste do mundo e fazendo a pergunta mais temida de todas: “O que eu posso fazer agora?”
Em entrevista, para o site Quartz, a psicóloga Lyn Fry sugere que ao começar as férias os pais sentem com o filhos, pelo menos com os maiores de 4 anos, e escrevam juntos uma lista com tudo que eles acham que podem gostar de fazer durante o tempo livre. Podem ser atividades simples como: jogar um jogo, ler um livro, desenhar ou dar um passeio de bicicleta mas também ideias mais elaboradas como preparar uma refeição, organizar uma peça de teatro ou praticar fotografia.
Quando a criança reclamar que não tem o que fazer, pegamos a lista e damos uma olhada junto com eles. Segundo Lyn, desta forma nós passamos a responsabilidade para a criança: “Isso é o que eu decidi fazer, o que eu gostaria de fazer”
É bem possível que o o exercício da lista não resolva sempre e de prontidão a questão do tédio. Mas o que pode nos tranquilizar diante da carinha de descontentamento dos pequenos é que, diferente do que este mundo cheio possibilidades nos leva a acreditar, não ter o que fazer não é tempo perdido.
As crianças precisam de tempo para parar e observar seu entorno. Precisam de tempo para imaginar e desenvolver seus próprios pensamentos e assimilar as experiências de suas vidas brincando ou apenas observando o mundo ao redor delas.
“Não há nenhum problema em se entediar”, diz Fry. “Não é um pecado. As crianças tem que se auto-motivar a fazer coisas. Tédio faz com que as crianças se tornem autônomas”. A ideia é que eles aprendam a enfrentar a monotonia de maneira produtiva.
Afinal, quem nunca sentiu tédio nesta vida?